O Cavaleiro das Trevas Ressurge

Além de gifs animados de gatinhos, o que não falta na internet nesses dias são comentários sobre o mais novo filme de Christopher Nolan: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Se você quiser, pode ouvir esse Rapaduracast aqui. Ou então esse Braincast aqui. Ou ainda esse Nerdcast aqui. Se quiser vídeos, dá pra ver esse aqui que o Omelete fez. Ou então esse aqui do mago do Q4atro Coisas Pablo Peixoto. Se ver e ouvir não for seu lance, dá pra ler essa crítica aqui do Thiago Siqueira no Cinema com Rapadura. Ou essa aqui do Pablo Villaça no Cinema em Cena. Ou ainda essa aqui do Judão. Ou mais ainda essa aqui do Omelete. E tenho certeza que tem muito mais nessa rede de tubos que forma a rede mundial de computadores. Mas se você, por algum motivo absurdo, preza pela minha opinião, deixe um pouco de lado essas 9 abas que você acabou de abrir (pode contar!) e continue lendo. Não preciso dizer que tem TODOS OS SPOILERS DO MUNDO. Eita, precisei…

Se você está lendo isso, ou é um maluco que não liga pra spoilers ou então já viu o filme. Dessa forma não vou ficar contando a história aqui – você já sabe. São só alguns comentários.

Uma coisa há de se ter bem clara: TDKR não é um filme perfeito. Está longe disso. TDKR, entretanto, é um filme FODA. Muito foda. É um filme cheio de erros. Mas é também um filme nota 10. É tão estranho que, na minha cabeça, ele é e não é o melhor dessa trilogia de dois filmes (falando sério, Begins nem conta, é uma piada quase). Talvez tentar explicar isso seja o motivo desse texto. Talvez seja mais importante pra mim do que pra você que está lendo.

Primeiro, os problemas. Tem bastante. Tem furos de roteiro. Tem clichês pra tudo que é lado. Tem algumas coisas que você tem que relevar bastante pra curtir o filme. Alguns exemplos: de que lugar saíram as motos no assalto ao banco? Blake descobre a identidade do Batman com um olhar? Ninguém repara que a volta do Batman coincide misteriosamente com o retorno de Bruce Wayne? Como o Bruce voltou pra Gotham em tão pouco tempo? Como ele teve tempo de fazer o Morcego-flamejante-da-ponte? Que tipo de polícia é essa que corre feito um bando de desesperados pra porrada, sem nenhuma estratégia aparente? E que polícia é essa que passa 3 meses num inferno subterrâneo e saí limpa e barbeada? Furos, falhas e mais furos e falhas. Só pela memória já citei um monte, deve haver muito mais.

E como então um filme desses pode ser bom? É engraçado que cada coisa foda faz você esquecer ou relevar 10 falhas. Acho que o Nolan pensou: “nessa hora eles vão estar tão dominados pelo meu show que vão aceitar tudo que eu mostrar”. Acertou. Vamos por pontos:

Trilha Sonora

Dessa vez Hans Zimmer se superou. A trilha está mais emocionante e impactante que a dos outros dois filmes juntos. Está tão absurdamente foda que não dá pra não dizer que boa parte da empolgação do filme vem da trilha. A combinação Zimmer + Nolan atingiu seu ápice aqui. Não é exagero dizer que metade dos créditos dessa obra vão pra conta de Hans Zimmer. Tá na hora de ganhar um Oscar novamente, já que o primeiro e  último foi em Rei Leão. (Vale a pena conhecer as obras desse cara, fez mais filmes que você conhece do que possa imaginar. Pode conferir nesse Rapaduracast aqui)

Selina Kyle

Talvez eu não seja a melhor pessoa pra falar da mulher-gato, já que fiquei apaixonado pela Anne Hathaway. A maior surpresa do filme. A cena inicial mostra tudo sobre a personagem com apenas um sorriso. O filme não devia nem ter 20 minutos e eu já estava vendido. Tem gente que falou que ela não adiciona nada ao filme, eu já discordo. Acho que ela foi o estopim para o ressurgimento do Batman. É claro que você pode questionar o amor e confiança do Wayne para com ela, mas acho que você também relevaria uma coluna quebrada depois de ver ela naquela roupa de couro, não?

Bane

Todo mundo já sabia que seria impossível superar o Coringa. Talvez seja por isso que gostei tanto do Bane. Eu não esperava nada e acabei conhecendo um cara aterrorizante, que mostra todo o seu poder com uma única frase, também logo no início: “Eles esperam encontrar um de nós aqui, brotha“. Simples assim. Em uma cena você descobre que o cara é tão foda que as pessoas se matam com um sorriso no rosto por ele. Pra mim isso é MUITO aterrorizante. Até a sua voz, que no começo muito me incomodou, ao fim já me dava medo. Respeitando as devidas proporções, é o Darth Vader da nossa época.

Blake

Pela primeira vez um Robin que eu consigo aceitar e respeitar. Pouca coisa, mas que diz muito. Tá certo que ele não precisa se vestir de Robin e que pode utilizar o uniforme do Batman – o que acredito e espero. Só sei que se a Warner resolver continuar a franquia com ele eu não ficaria decepcionado.

Alfred

Deixando de lado praticamente todo o humor que está presente nos outros dois filmes, aqui Alfred é o personagem mais emocionante de todos. Suas tentativas – inúteis – de impedir Bruce, tal qual um pai preocupado, são tocantes. E seu choro nas lápides marejam os olhos de qualquer um. Se isso não vale um Oscar para Michael Caine, eu não sei o que vale.

Bruce

Achei que nesse filme ele teve as melhores motivações pra atuar como Batman. Acho ainda que foi a melhor participação como Bruce Wayne – a cena dele desligando as câmeras fotográficas é impagável. Enquanto nos outros filmes há um pouco mais de humor, nesse o drama é tudo. O Cavaleiro das Trevas Ressurge pra se doar mais ainda por Gotham. Se no primeiro filme o objetivo era vencer o medo, nesse o que importa é ele passar a dar valor para sua própria vida.

Final

Inegavelmente, o principal momento desse filme e de toda a trilogia é o final. Eu não ligo que a explosão da bomba pareça a destruição de Namekusei em Dragon Ball Z. É foda demais. Talvez seja porque eu goste de final feliz e não me importe com clichês, mas não ver o Batman morrer foi bom demais. Depois desse filme e de tudo que ele fez nos anteriores; depois de tudo que ele se doou por essa cidade, morrer seria uma injustiça.

Eu sei que tem muita gente falando que o final seria perfeito se acabasse com o sorriso do Alfred: eu concordo e discordo ao mesmo tempo. Seria um final estilo Inception, só que sem a incerteza se era sonho ou não – ao longo da última parte há diversas evidências de que Bruce Wayne não morreu. Mas é claro que isso iria deixar o filme mais vivo ainda por muito mais tempo: “morreu ou não morreu?”. Seria muito foda.

Mas ao mesmo tempo não seria tão foda quanto foi. Mais uma vez pode ser meu desejo pelo final feliz, mas ao mostrar Bruce Wayne junto com a linda da Selina Kyle, Nolan preferiu nos mostrar não só que ele estava vivo, mas que estava feliz e muito bem, obrigado. Talvez nessa pequena cena, nessa simples troca de olhar, Bruce demonstre pela primeira vez que está verdadeiramente feliz. (Tá certo que deve ter muito difícil fingir ser um bilionário pegador, mas whatever). Não é tão impactante quanto o que poderia ter sido, mas é o que mais me agrada. Eu não queria incertezas, eu precisava dessa confirmação.

É a conclusão épica de uma trilogia de dois filmes. É o filme que eu esperava e que eu queria. O Cavaleiro das Trevas Ressurge é o melhor filme do ano.